Histórias repetidas. Memória curta.

06/20/2010 at 20:58 (Outros)

Hoje eu parei e relembrei uma coisa que eu tinha pensado a muito tempo atrás.

A história é um ciclo. Ela gira, gira, gira, mas sempre termina no mesmo lugar. E o giro é uma elipse, pra não dizer círculo. A elipse, pra quem não sabe, é uma bola “achatada”. Não digo que a história seja um círculo porque ela aparenta não ser linear – ela muda um pouco. A história é uma elipse mutável – ora achatada verticalmente, ora horizontalmente – mas sempre permanece sendo uma elipse.

Sempre se chega a ápices, clímax e um declínio vertiginoso – estagnação e recomeço.

A força de vontade necessária pra romper uma elipse é imensa, e só é motivada pelos mais fortes sentimentos. Raiva, medo, tristeza, mágoa e afins. Só eles rompem com o vício da história. Bem como sentimentos de grande nobreza eliminam os ciclos negativos.

E aí entra a memória curta. Como as pessoas adoram apagar as memórias. Não sei se eles estão certos ou eu – por não apagar a memória. Com a memória curta, eles prologam a existência de ciclos que já deveriam ter sido rompidos.

Acho compreensível e extremamente aceitável apagar a memória do que é ruim, mas jamais das ofensas a mim proferidas. Se me chamassem de inúmeras coisas pejorativas e, de fato, falando com raiva, eu jamais perdoaria. Se as brigas fossem recorrentes dos mesmos motivos sempre, porque insistir numa fórmula errada?

Será uma visão meio engenheira? “Não funciona?” “-Ok, descarta e testa outra coisa”. Me parece tão lógica, prática e correta. Me ofendeu? Me fez mal? Beleza. Tchau.

Sou eu o errado em não insistir no erro? Aliás, será que eu sou errado em achar aquilo um erro? Será que sou eu o errado em não esquecer as ofensas? Sei que existe uma prece em que diz “e perdoai a quem nos tem ofendido”, mas… Vejamos por uma interpretação bastante lógica – não sou eu quem tenho de perdoar, e sim quem ouve a prece (Deus).

Nossa, lendo agora isso que eu escrevi, vejo como eu tento “puxar o assado pro meu lado”. Faz parte da evolução olhar isso, dar uma gargalhada e ver o quão errado eu estou.

Não é saudável ser “facada” como eu venho sendo, mas também não é certo não ter memória a ponto de lembrar as ofensas a mim proferidas.

Não é correto romper todo e qualquer ciclo de forma desmedida, mas também não é acertado se prender e permanecer no ostracismo eterno de uma história já provada como sendo pouco aproveitável.

Onde fica o meio termo nisso? Ainda não sei. Só sei que são poucas as pessoas do meu círculo de amizades que encontraram ele. O resto tá todo perdido nesses ciclos. E acho que isso é uma constante no mundo. As pessoas não sabem o meio termo. Espero em breve fazer parte do pequeno grupo que encontrou o meio termo.

Noite de campo que vejo numa lembrança de outr’ora
Beira de um fogo que acalma, triste cambona que chora
Alma povoada em silêncio deste meu rancho fronteiro
Mateando alguma saudade costeando o sono da espora

De Alma, Campo e Silêncio – Marcelo Oliveira

1 Comentário

  1. Nícolas said,

    caminho do meio é o que prega o budismo, estou correto?

    falar nisso, agora nas férias foi três coroas?
    eu pego duas e tu pega uma só! (PIADA HORRÍVEL)

    beijo!

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